06/12/2017 - 9:43:20

Assaltantes roubam bancos, matam e espalham terror em cinco cidades do interior do estado

assalto banco

 

 

Bandidos provocam explosões em Oliveira, Tapira, Santa Rita de Caldas e Pompéu, onde um morador e um policial militar perderam a vida. Outros dois PMs foram feridos à bala

 

A audácia de bandidos que atacam caixas eletrônicos e bancos de Minas Gerais não dá trégua. Cada vez ostentando maior poder de fogo e pressionando e acuando as pequenas forças policiais do interior do estado, os criminosos deixaram mais dois mortos em Pompéu, no Centro-Oeste, sendo um deles um policial militar, além de outro PM gravemente ferido, e protagonizaram ataques quase simultâneos em quatro cidades mineiras, dando mais provas do tamanho do desafio que o estado precisa vencer. Um terceiro PM se feriu em ataque em Morro do Ferro, distrito de Oliveira, também na Região Centro-Oeste, e as outras duas explosões ocorreram nas cidades de Tapira (Alto Paranaíba) e Santa Rita de Caldas (Sul de Minas). Na madrugada de segunda-feira, criminosos fortemente armados já haviam explodido caixas em Arcos, também no Centro-Oeste, totalizando cinco casos em dois dias.
Foi a primeira morte de um militar depois que o governo de Minas lançou força-tarefa entre 13 instituições para os casos de ataques a terminais bancários, em setembro. A Polícia Militar foi dura ao comentar a situação e criticou o que classifica como falta de atitude dos bancos para proteger agências e caixas eletrônicos, que se tornaram alvo fácil de criminosos. Para o major Flávio Santiago, assessor de imprensa da corporação, muitas vezes a medida adotada pelas instituições financeiras é a simples retirada dos caixas das pequenas cidades, alvo preferido dos ladrões.

Para o policial, há iniciativas de sucesso da rede bancária para evitar os roubos dos caixas, como a ativação de um mecanismo que suja as notas com uma tinta caso um caixa seja explodido. Essa medida inviabiliza o uso do dinheiro roubado. “As notas pintadas em alguns pontos mostrando eficiência na ação já deveriam ter sido padronizadas no Brasil e infelizmente ainda não vemos essa ação por parte desse setor, que é importante para nossa sociedade, mas precisa atuar veementemente com isso”, diz o major. O policial aponta também a facilidade no acesso aos bancos, muitas vezes protegidos apenas por barreiras de vidro que são facilmente rompidas, e destaca que as empresas deveriam usar soluções de maior resistência para os caixas eletrônicos. “É inconcebível que no século 21 você tenha facilidades de na madrugada chegar a esse cockpit, que é o invólucro do caixa automático. É imprescindível que haja ação. Ação é múltipla, não é só de polícia”, afirma o major.
OUSADIA No caso de maior ousadia da madrugada, bandidos chegaram em cinco veículos à cidade de Pompéu, um deles em uma moto. Armados com fuzis e espingardas calibre 12, eles tentaram trancar a porta do quartel com correntes. Atiraram várias vezes contra o imóvel e os militares revidaram, evitando que a entrada fosse fechada. Logo em seguida, comparsas explodiram agência do Banco do Brasil. Militares que chegaram ao local foram surpreendidos pelos bandidos e baleados. O cabo Osias Alves de Barros, de 33 anos, levou um tiro na cabeça e morreu no local. Outro militar da mesma patente, Lucas Reis Rosa, de 27, também foi atingido por disparos. Ele foi transferido para o Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, em estado grave e teve que amputar o braço de direito.

Alisson dos Reis Pinheiro, de 22, funcionário de uma lanchonete, foi baleado quando saía do estabelecimento no meio do confronto. “Não tenho dúvidas de que a ação desses infratores foi no sentido de atirar contra o membro da sociedade para evitar que a Polícia Militar continuasse no encalço deles. Como uma estratégia de guerrilha”, comentou o major Flávio Santiago.