Protocolo define ações de forças de segurança contra explosão de caixas eletrônicos em Minas
Agências explodidas, policiais mortos e cidades aterrorizadas pela invasão de bandos fortemente armados: batizada de novo cangaço, a ação de quadrilhas especializadas em estouro de caixas eletrônicos representou, em média, 13 ataques a agências por mês em Minas Gerais neste ano, ou um caso a cada 2,2 dias. De janeiro a setembro foram computadas 120 ações criminosas do tipo.
Mesmo com um recuo de 36,5% em relação ao mesmo período de 2016, quando foram 189 ocorrências, o saldo ainda é preocupante, principalmente pela violência extrema usada pelas quadrilhas, inclusive com ataques diretos às forças de segurança. Diante do quadro, oito instituições, lideradas pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), formalizaram esta semana um protocolo de crise para padronizar as ações de cada entidade diante das ofensivas e fortalecer o combate a essa modalidade de ataque. O acordo de cooperação faz parte de um trabalho que já vinha ocorrendo há cerca de dois meses, a partir de determinação do governador Fernando Pimentel (PT) para dar uma resposta ao crime organizado.
Horas depois de ter formalizado o protocolo, o alarme soou pela primeira vez para acionar o pacto de ações integradas. Na madrugada de terça-feira, uma agência do Banco do Brasil e outra do Itaú foram atacadas por uma quadrilha em Bambuí, no Centro-Oeste mineiro.
Ainda na terça-feira, mas no Norte de Minas, outro grupo de criminosos com armamento pesado fechou com uma carreta a BR-251, nas imediações de Grão Mogol, para assaltar um carro-forte. Eles interceptaram o veículo de uma transportadora de valores e trocaram tiros com os vigilantes. Em seguida, explodiram uma das portas do blindado, levando quantidade não informada de dinheiro. Cerca de 15 pessoas atuaram nesse caso e há suspeitas de que o grupo esteja ligado a outro ataque, cometido da mesma forma em Unaí, no Noroeste de Minas, em maio. A Secretaria de Segurança Pública confirmou que o conjunto de ações integradas foi adotado nos dois casos, mas sustenta que informações sobre as investigações não podem ser divulgadas, para não prejudicar os trabalhos. Até o fechamento desta edição, ninguém havia sido preso nos dois casos.
As ações padronizadas de cada força de segurança contra a violência desse tipo de quadrilha buscam criar uma forma de reação padronizada para a modalidade de crime, evitando que em cada caso seja adotada uma forma de trabalho diferente, segundo o secretário de estado de Segurança Pública, Sérgio Barbosa Menezes. O objetivo é unificar reações como a preservação dos lugares explodidos, acionamento de planos de cerco e bloqueio e concentração de informações de inteligência levantadas por diferentes órgãos, para prender mais rapidamente os criminosos. Resumidamente, trata-se de definir, uma vez ocorrido o crime, que órgão reage, de qual forma e em que momento.
“O crime de explosão de caixa eletrônico traz consequências que extrapolam a questão da segurança. Há impactos sociais e econômicos para as cidades, muitas vezes pequenas, que dependem daquele terminal que foi alvo de ataque. Nosso foco é sempre reduzir os números, trabalhar cada vez mais para minimizar o impacto para o cidadão. Se temos uma ou 120 ocorrências, nosso esforço será o mesmo, exatamente pelas características dessa modalidade de crime”, diz o secretário.
*Estado de Minas
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